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Como a eficiência e a automação estão redefinindo o perfil do profissional de finanças?

junho, 2024‎ ‎ ‎ |

‎Por André Trench

Você já se perguntou como a revolução digital está transformando o perfil dos profissionais de finanças? A resposta está na emergência do profissional de finanças 4.0, que vai muito além das funções tradicionais de controladoria, “reporting” e estrutura de capital. Este novo perfil combina habilidades analíticas avançadas, domínio de ferramentas de automação e uma compreensão profunda da cultura empresarial voltada para a inovação. Vamos explorar como essa transformação está redefinindo o setor financeiro, impactando diretamente a escalabilidade e a redução do custo de servir, especialmente em bancos digitais e fintechs. Descubra como essas mudanças estão moldando o futuro das finanças e prepare-se para se inspirar com exemplos concretos e dados reveladores.

O avanço tecnológico e a digitalização têm redefinido o papel do profissional de finanças. Anteriormente, as funções de finanças eram predominantemente operacionais, com foco em tarefas rotineiras e controle de processos. No entanto, com a introdução de tecnologias avançadas e a necessidade de decisões mais rápidas e informadas, o profissional de finanças moderno, deve possuir habilidades analíticas e tecnológicas robustas, como por exemplo programação em SQL, programação em python, análise de dados e construção de chatbots. De acordo com um estudo da Deloitte, 82% das empresas financeiras líderes estão investindo em habilidades digitais para seus profissionais de finanças, enfatizando a importância de ferramentas como Python para análise de dados e automação de processos. Essas frentes fazem os profissionais serem mais proativos em extrair dados, analisá-los, e trazer recomendações que agregam valor para as unidades de negócio, não mais esperando de forma passiva os times de tecnologia, aliado ao fato de se transformarem em times mais funcionais, no que tange a comunicação com os os times de tecnologia na hora de encomendar, testar e recomendar alterações nas demandas feitas, não sendo “analfabetos tecnológicos”.

A cultura empresarial também desempenha um papel crucial nessa transformação. Empresas que promovem uma cultura de inovação e eficiência tendem a adotar práticas que incentivam a automação e a análise de dados. Em bancos digitais e fintechs, por exemplo, os dados são frequentemente “hasheados” para proteger a privacidade dos clientes, conforme exigido pela LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), mas são disponibilizados para análises que podem otimizar operações e desenvolver novos produtos, não havendo restrições para acesso ao data lake, ou bancos de dados em ambientes não produtivos. Essa abordagem, não só acelera a escalabilidade e a velocidade com que novos produtos são lançados, mas também contribui significativamente para a redução do custo de servir, variável importante na briga pela principalidade dos clientes, e principalmente para a rentabilidade dos produtos oferecidos, haja vista que não existe mais espaço para o crescimento sem o foco na rentabilidade neste momento.

A eficiência operacional é um dos principais benefícios da automação nas finanças. Segundo a McKinsey & Company, a automação pode reduzir os custos operacionais em até 30% e aumentar a produtividade em 25%. Isso é particularmente relevante para bancos digitais e fintechs, onde a eficiência é essencial para manter a competitividade. A automação de tarefas rotineiras permite que os profissionais de finanças se concentrem em atividades de maior valor agregado, como análise preditiva e planejamento estratégico, o que pode melhorar a sustentabilidade da empresa.

Além disso, a automação e a análise de dados oferecem insights valiosos que podem ser usados para otimizar processos e melhorar a experiência do cliente. Por exemplo, a inteligência artificial (IA) e o aprendizado de máquina (ML) podem ser utilizados para prever tendências de mercado e comportamentos dos clientes, assim como modelagem de fluxos financeiros, permitindo que as empresas ajustem suas estratégias de maneira proativa. Um relatório da PwC destaca que 70% das empresas financeiras que implementaram IA e ML, relataram melhorias significativas na eficiência operacional e na satisfação do cliente.

A transformação das áreas operacionais em áreas de monitoramento operacional e inteligência também desempenha um papel fundamental na escalabilidade das operações. Em um ambiente altamente competitivo como o das fintechs, a capacidade de escalar rapidamente e de forma eficiente é um diferencial crucial. A automação permite que as empresas cresçam sem a necessidade proporcional de aumentar a força de trabalho, resultando em economia de custos e maior flexibilidade operacional.

Contudo, nota-se que o profissional de finanças 4.0 surge representando uma evolução necessária para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades da era digital. A combinação de habilidades analíticas e tecnológicas, apoiada por uma cultura empresarial focada em inovação e eficiência, está redefinindo o perfil desse profissional, assim como transformando as áreas de suporte em motores de crescimento e sustentabilidade. Para bancos digitais e fintechs, essa transformação não é apenas desejável, mas essencial para garantir a competitividade e a rentabilidade a longo prazo, o profissional que negligencia essa transformação digital, não se adaptando, irá perder espaço na economia do futuro, por isso a importância do “aprender a aprender”, “on learning”, se torna essencial para a profissão.

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André Trench

Formado em relações internacionais pela Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas (FMU) em 2012, pós-graduação em Finanças Corporativas pela Fundação Instituto de Administração (FIA) em 2015 e com MBA Executivo em Finanças pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) em 2018, com 10 anos de experiência em grandes bancos de investimento, teve passagens em instituições financeiras desde 2009 como Credit Suisse, Morgan Stanley e BNP Paribas na área de riscos, e controladoria. Desde 2018, migrou para o setor de bancos digitais e fintechs, teve passagem pela Stone Pagamentos S.A. sendo o responsável pela gestão de ativos e passivos (“AL&M”) da companhia, Neon Pagamentos S.A, sendo sócio e head da tesouraria e mercado de capitais, e desde 2023 assumiu a diretoria da tesouraria e mercado de capitais, do Pagbank.

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