Como a segurança cibernética pode impulsionar a inovação e melhorar a experiência do usuário?

junho, 2024‎ ‎ ‎ |

‎Por Glauco Sampaio

Imagine uma reunião entre os líderes de segurança e os executivos das áreas de negócios de sua empresa. A pauta? Viabilizar inovações tecnológicas que proporcionem a melhor experiência para os usuários, sem comprometer a segurança e mantendo-se dentro do apetite de risco da empresa. Parece um desafio? Com certeza, mas é perfeitamente possível.

No cenário atual, a interconectividade e a inovação são cruciais para o sucesso empresarial. No entanto, a segurança cibernética muitas vezes é vista como um obstáculo em vez de um facilitador. Para mudar essa percepção, é essencial compreender como a segurança pode trabalhar em parceria com as áreas de negócio, criando um ambiente onde a inovação floresça sem abrir mão da proteção dos dados e sistemas.

Integração de Segurança e Inovação

Para que segurança e inovação trabalhem em harmonia, a segurança deve ser integrada desde o início dos projetos. Envolver os profissionais de segurança nas fases iniciais do desenvolvimento de novos produtos e serviços permite identificar e mitigar situações de risco desde o começo. Isso evita retrabalhos e atrasos no lançamento de produtos, além de garantir que a segurança esteja embutida na estrutura das inovações.

Práticas como DevSecOps são fundamentais aqui, integrando segurança no ciclo de desenvolvimento de software. Ao adotar essa abordagem, a empresa pode lançar produtos seguros e inovadores de maneira mais ágil e eficiente. Ou prática bastante recomendada é a de modelagem de ameaças, onde é possível entender quais são as reais ameaças que determinada inovação pode enfrentar e com isso definir controles realmente efetivos para endereça-las.

Experiência do Usuário e Segurança

A experiência do usuário (UX) é um fator crítico para o sucesso de qualquer inovação. Consumidores esperam que os produtos sejam funcionais, inovadores e seguros. Uma violação de segurança pode destruir a confiança do consumidor e, consequentemente, a reputação da empresa.

Para melhorar a UX sem comprometer a segurança, adote uma abordagem centrada no usuário, onde a segurança é integrada de maneira transparente. A autenticação multifatorial (MFA), por exemplo, pode parecer uma barreira inicial, mas se for projetada de forma intuitiva e integrada com opções de biometria, oferece uma camada adicional de segurança sem prejudicar a experiência do usuário.

Gestão de Risco e Inovação

Toda empresa tem um apetite de risco específico. A segurança cibernética desempenha um papel crucial na avaliação e gestão desses riscos. Profissionais de segurança devem trabalhar em conjunto com as áreas de negócio para entender o impacto potencial de novas inovações e como os riscos podem ser mitigados.

Realizar avaliações de risco contínuas e dinâmicas, considerando tanto os riscos cibernéticos quanto os de negócios, permite que as empresas tomem decisões informadas sobre quais inovações seguir e como equilibrar a necessidade de segurança com a necessidade de crescimento e competitividade.

Colaboração e Comunicação

A chave para uma parceria bem-sucedida entre segurança e inovação é a colaboração e a comunicação eficazes. Os líderes de segurança devem ser vistos como parceiros estratégicos pelos líderes de negócio. Workshops conjuntos, treinamentos cruzados e uma cultura de comunicação aberta onde as preocupações de segurança são discutidas de maneira proativa são essenciais para isso.

A segurança cibernética e a inovação não são mutuamente exclusivas. Elas podem e devem trabalhar juntas para impulsionar o sucesso empresarial. Integrar a segurança nos processos de inovação, focar na experiência do usuário e gerenciar riscos de maneira eficaz permite que as empresas protejam seus ativos e ofereçam produtos e serviços inovadores que atendam às expectativas dos consumidores.

É hora de mudar a percepção da segurança cibernética de um impedimento para um facilitador de inovação, permitindo que as empresas cresçam e prosperem em um ambiente digital cada vez mais desafiador.

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Glauco Sampaio

Profissional de Cybersecurity e Tecnologia com experiência de mais de 20 anos atuando em empresas como Banco Santander, Editora Abril, Banco Votorantim e Banco Original, desde 2019 é CISO na Cielo. Também é conselheiro consultivo de empresas e professor na FIA, e apresentador do Podcast Conselho & Conselheiros.

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