Orquestrando o Futuro: Estratégias avançadas de governança para inovação

junho, 2024‎ ‎ ‎ |

‎Por Juan Pablo D. Boeira

A governança da inovação é um componente essencial para empresas que buscam se destacar em um mercado altamente competitivo e dinâmico. Ela envolve a criação de estruturas e processos que incentivam a inovação de maneira sistemática e sustentável. Neste texto, vamos explorar como a governança da inovação pode transformar o futuro das empresas, sustentada por dados e exemplos concretos, e como um enfoque de marketing eficaz pode ajudar a disseminar essa prática.

A Importância da Governança da Inovação

A governança da inovação estabelece um framework que permite às empresas gerenciarem suas iniciativas de inovação de maneira eficiente. Isso envolve desde a definição de estratégias e políticas até a alocação de recursos e a medição de resultados.


  • Segundo um estudo da Accenture, empresas com uma governança de inovação bem estruturada são 1,5 vezes mais propensas a liderar em seus mercados.

  • Dados do Boston Consulting Group indicam que 79% das empresas líderes em inovação possuem processos de governança bem definidos.

Gosto muito de fazer uma analogia com um carro em relação a Governança da Inovação. Enquanto a “Gestão da Inovação” é o pedal para acelerar a velocidade do carro, ou seja, tudo que é feito para impulsionar a inovação nas organizações, a “Governança da Inovação” é:


01 – É o volante para manter uma linha reta ou dar uma guinada quando necessário na velocidade dos processos de planejamento e, também, no cenário de execução dos negócios;

02 – O farol para identificar o que está por vir (riscos ou oportunidades);

03 – Medidor de combustível (controle de custos);

04 – Velocímetro (métricas de avaliação dos resultados);

05 – Freio para desacelerar ou continuar a jornada (gerenciamento de recursos).

Todos estes componentes são necessários de forma integral, inclusive o freio. Pois ele não serve apenas para frear o carro, mas também para permitir que rode com segurança por meio do controle adequado.

Objetivos da Governança da Inovação

De forma geral, com a implantação de uma Governança da Inovação, é possível mapear e organizar as hipóteses de forma clara de como uma empresa poderá se beneficiar com as mudanças que ocorrerão no mundo nos próximos anos.

Deste modo, será possível traçar objetivamente os tipos de projetos, produtos, serviços, ideias, soluções ou negócios que podem ser/serão desenvolvidos.

Em processos de inovação, seja qual for o tipo, porte ou segmento de empresa, é difícil analisar e priorizar as dezenas ou até mesmo centenas de ideias face a tantas oportunidades mercadológicas. Isso como consequência, demanda foco e exige direcionamento. Para tornar esse processo mais rápido e alinhado é que implantamos a Governança da Inovação. Com ela as corporações estarão aptas, para alinhar os processos de inovação com a estratégia geral da empresa, pois a falta desse norte pode deixar as jornadas de inovação soltas e sem um direcionamento específico.

01. Identificar Oportunidades: Entender onde e como a inovação pode ser aplicada, seja para atender a novas necessidades do mercado, resolver problemas existentes ou explorar novas tecnologias;

02. Aumentar a Competitividade: Ser a ferramenta chave para se destacar da concorrência, oferecendo algo mais relevante e novo ou diferente (moeda do mundo moderno);

03. Melhorar Processos Internos: Buscar formas de tornar os processos internos mais eficientes, eficazes, rápidos, inteligentes e econômicos;

04. Estimular a Cultura de Inovação: Promover uma mentalidade de inovação em toda a organização, encorajando toda empresa a pensar “fora da caixa” e a contribuir com ideias inovadoras;

05. Gerar Crescimento e Lucratividade: Estabelecer um processo no qual todas as pessoas da organização pensem constantemente em novos produtos, serviços, e/ou modelos de negócios que possam podem abrir novos mercados ou aumentar a participação no mercado atual, levando a um aumento na receita;

06. Mitigar Riscos: Ser uma ferramenta para prever, preparar e responder a possíveis ameaças ou desafios em ambientes de negócios, que estão em constante e cada vez mais rápida evolução;

07. Fortalecer a Marca: Ser vista como líder em seu campo de atuação mercadológico, contribuindo, por consequência, na percepção e o valor da marca;

08. Sustentabilidade: Direcionar para a criação de produtos, serviços, processos e/ou modelos de negócio mais sustentáveis, atendendo a demandas ambientais e sociais;

09. Engajamento dos Stakeholders: Construir um ecossistema inovador com a colaboração de funcionários, clientes, fornecedores e outros stakeholders, melhorando relacionamentos e criando soluções mais integradas;

10. Aprimorar a Tomada de Decisão: Ter uma visão mais clara dos objetivos estratégicos por meio de uma cultura de inovação, permitindo tomar decisões com mais acuracidade e confiança.

Problemas que a inexistência de uma Governança da Inovação pode gerar

  • Desconexão do processo de inovação com a estratégia organizacional;

  • Demora para decidir o “go” /”no-go” de determinadas iniciativas, pois todas acabam tendo que passar por algum comitê de inovação para avaliar;

  • Avaliação subjetiva das iniciativas, por ausência de critérios claros;

  • Desalinhamento estratégico, lentidão e subjetividade no processo decisório;

  • Dificuldade em uma corporação manter o foco, se está sendo puxada para todos os lados;

  • Ações randômicas de inovação normalmente não trazem bons retornos;

Esses são argumentos mais do que suficientes para se construir uma tese de inovação, antes de investir tempo e recursos em projetos de forma desestruturada.

Entregáveis de uma Governança da Inovação

01 – Alinhamento da alta gestão: Inovação, geralmente, significa coisas diferentes para as diversas áreas das empresas. Para ter alta performance em termos de inovação, a alta gestão deve estar alinhada sobre o que é inovação para a empresa como um todo, assim como sobre que tipos de inovação priorizar e como se organizar para tanto. No momento em que colocamos “todos na mesa” e propomos essa reflexão, a empresa ganha foco. Esse alinhamento ajuda não apenas na alocação dos recursos, mas na gestão de expectativas. A falta de uma definição articulada, pode fazer com que a empresa não entregue nem uma coisa, nem outra.

02 – Alocação de recursos: O lendário CEO da Intel, Andy Grove, dizia que “sua estratégia é onde você coloca os seus recursos e não o conjunto de aspirações grudadas na parede”. Quando a empresa tem clareza sobre o que pretende com a inovação, fica mais fácil de alocar, de forma coerente, os recursos, e identificar aplicações incoerentes. “Será que devemos investir num programa de corporate venture capital se nosso objetivo envolve inovações incrementais para o negócio existente?”  Fazer algo novo, útil, viável e escalável não é fácil. Sem a coerência entre ambição e recursos alocados, fica praticamente impossível.

03 – Direcionamento dos times: o recurso mais escasso das empresas é a atenção concentrada dos seus times. O principal catalisador da transformação de ideias em resultado é um time, com pessoas focadas e bem direcionadas. Uma definição clara dos territórios de inovação priorizados cria uma sinalização efetiva para o tipo de ideias e projetos em que os times devem dedicar sua atenção. O tempo das boas pessoas é muito importante para ser dedicado onde não terá aproveitamento.

04 – Mensuração de resultados: não há como saber se você chegou onde queria se não definiu seu destino. A ausência de uma estratégia de inovação dificulta a avaliação dos resultados atingidos. Se uma empresa não deliberar seu portfólio e tipos de inovações priorizadas, acabará frustrada ao perceber que não desenvolveu o produto certo e no tempo certo. Por outro lado, quando existe um direcionamento claro, os resultados são avaliados de forma inequívoca.

Casos de Sucesso

Empresas que adotaram a governança da inovação têm colhido frutos significativos. Por exemplo:

  • 3M: Conhecida por sua cultura de inovação, a 3M tem uma governança que permite a qualquer funcionário dedicar 15% de seu tempo ao desenvolvimento de novas ideias. Essa política resultou em produtos icônicos como o Post-it.

  • Google: Com sua política de “20% time”, o Google incentiva seus funcionários a dedicarem um quinto do seu tempo a projetos inovadores. Esse modelo de governança foi crucial para o desenvolvimento de produtos como Gmail e Google News.

Benefícios da Governança da Inovação

Adotar uma governança estruturada para a inovação traz diversos benefícios, tais como:

  • Aumento da competitividade: Empresas inovadoras são mais adaptáveis às mudanças de mercado.

  • Melhoria na eficiência operacional: Processos mais claros e bem definidos resultam em maior eficiência.

  • Maior satisfação do cliente: Inovações direcionadas melhoram a experiência do cliente e fidelização.

  • Crescimento sustentável: Iniciativas inovadoras bem geridas promovem crescimento a longo prazo.

A Governança da Inovação, por sua vez, lida com as iniciativas de inovação como modelos de negócio, considerando desde a fase de concepção até a chegada ao mercado com a definição de critérios claros e objetivos para a tomada de decisão sobre novos investimentos em cada uma dessas fases.

Nesse contexto, a Governança da Inovação se baseia em métricas com distintos níveis de granularidade, para avaliar a contribuição dessas iniciativas para com a empresa como um todo, uma vez que ela permite que gestores tomem decisões sobre a realização de novos investimentos em projetos de inovação e esclarece os impactos dessas iniciativas.

A governança da inovação não é apenas uma necessidade, mas uma estratégia crucial para empresas que desejam prosperar no cenário atual. Estruturar e gerenciar a inovação de forma eficaz pode transformar o futuro das empresas, tornando-as mais competitivas, eficientes e prontas para os desafios do mercado. Implementar e promover a governança da inovação pode ser a chave para um crescimento sustentável e um futuro próspero.

Por fim, promova apresentações para todos da organização sobre a Governança da Inovação e garanta que todos tenham acesso às informações necessárias, para entender a estratégia e o processo de inovação da empresa.

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Juan Pablo D. Boeira

Graduado em Administração (PUC), Pós Graduado em Comunicação, Finanças, Branding e Marketing (ESPM). Doutor (Ph.D) e Mestre em Inovação e Design Estratégico (UNISINOS). Pós Doutor em Projeção de Cenários Futuros e Inteligência Artificial (UFSC / UNIOESTE). Certificação em Inovação (Harvard), Resolução de Problemas Complexos (MIT), Desenvolvimento de Produtos e Serviços de IA (MIT), Inteligência Artificial (INSEAD), Engenharia de Prompt para IA (Open AI) e Gestão de Projetos de IA (AWS). Professor de MBA há mais de 15 anos da ESPM, PUC e UNISINOS. Mais de 25 anos de experiência dirigindo empresas como Johnson&Johnson, Coca-Cola, Heineken, Red Bull, Lojas Renner e Apple/iPlace. Mais de 60 prêmios ao longo da carreira, entre eles o Effie Awards NY (Uma das premiações mais importantes da indústria criativa mundial), a Comenda Porto do Sol (conferida pela Prefeitura de Porto Alegre somente para quem contribui no enriquecimento sustentável da cidade) e Cidadão Honorário de Porto Alegre. Profissional de Marketing e Inovação do Ano em 2010, 2011, 2015 e 2018. Autor dos livros “Branding por Meio da Gestão pela Inovação”, “O Design na Era dos Algoritmos 3.0” e “Métodos, Processos e Práticas em Design Estratégico”. Colunista Titular de Inovação e Tecnologia da Revista Época Negócios. Atualmente é Sócio e VP de Inteligência Artificial da Abstrato Ventures, Conselheiro de Administração e uma das maiores autoridades em Inovação e Transformação Digital do Brasil.

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