Qual o impacto da cultura organizacional em empresas digitais e não digitais?

julho, 2024‎ ‎ ‎ |

‎Por Daniel Knopfholz

A cultura organizacional é a espinha dorsal de qualquer empresa, seja ela digital ou não nativa digital. Mas como essa cultura se adapta e evolui em diferentes contextos? E por que é tão crucial para o sucesso das empresas? Vamos explorar como a cultura organizacional influencia o desempenho, a inovação e a satisfação dos colaboradores, com uma análise especial sobre empresas digitais e não digitais.

O que é cultura organizacional?

É possível classificar de várias formas o significado de cultura organizacional. Uma definição possível é que a cultura organizacional é um conjunto de valores, crenças e comportamentos que definem como uma empresa opera. Ela é moldada pela liderança, pelas práticas internas e pelo ambiente de trabalho. Uma cultura forte pode impulsionar a produtividade, a inovação e a lealdade dos colaboradores, enquanto uma cultura fraca pode levar à alta rotatividade e à falta de engajamento.

Empresas digitais: Um novo paradigma

Empresas digitais, como startups de tecnologia, são conhecidas por sua cultura inovadora e flexível. Essas empresas frequentemente adotam modelos de trabalho remoto e híbrido, promovem um ambiente colaborativo e investem em tecnologias avançadas para facilitar a comunicação e a produtividade. De acordo com um estudo da McKinsey , empresas com uma forte cultura digital têm 2,5 vezes mais chances de ser líderes de mercado do que suas concorrentes não digitais.
Fonte: Digital Culture & Capabilities 

Exemplos de cultura em empresas digitais

  1. Amazon: conhecida pela sua cultura de inovação, a Amazon incentiva a criatividade e entrega de valor para os seus clientes através de um processo chamado de “working backwards”. Nesse processo, há um estímulo para que a pessoa ou equipe que esteja propondo uma solução, faça de acordo com o impacto gerado, ao invés de começar pelo “como”. Ou seja: para inovar, é necessário causar impacto real e melhoria significativa para o cliente e para o negócio. A partir daí, trabalhando de do resultado para o início, se desenvolve a solução.

  2. Spotify: Adota um modelo de “Squads” e “Tribes”, que promove a autonomia das equipes e a colaboração entre diferentes departamentos, resultando em uma agilidade e inovação contínua.

Empresas não digitais: Adaptando-se ao novo normal

Empresas tradicionais, ou não nativas digitais, enfrentam o desafio de adaptar sua cultura para permanecerem competitivas na era digital. Muitas dessas empresas estão adotando práticas de empresas digitais para melhorar a flexibilidade e a satisfação dos colaboradores. Segundo a Deloitte, 87% das empresas acreditam que a cultura é importante e 54% consideram que precisam trabalhar mais para alinhar sua cultura com suas estratégias de negócios .
Fonte: https://www2.deloitte.com/content/dam/Deloitte/global/Documents/About-Deloitte/gx-core-beliefs-and-culture.pdf

Apesar de não serem nativas digitais, existem vários cases de transformação e aceleração digital dessas empresas, internalizando aprendizados e mantendo a competitividade histórica.

Exemplos de cultura em empresas não digitais

  1. General Electric (GE): A GE tem implementado a metodologia Lean Startup em suas operações para fomentar a inovação e a eficiência, demonstrando que até as empresas mais tradicionais podem se beneficiar de uma cultura mais ágil e inovadora.

  2. Nike: a empresa de artigos desportivos e roupas conseguiu ultrapassar a barreira de empresa não digital e criou um ecossistema completo ao redor dos seus produtos e serviços. É possível usar tênis e outros artigos da empresa e controlar a performance em aplicativos instalados nos smartphones e relógios. O cliente pode também participar de comunidade de pessoas com os mesmos interesses e afinidades, trocar informações, dividir e até competir à distância, estimulando o uso dos produtos e atingindo o propósito da marca, de transformar todas as pessoas em atletas (como eles dizem: “se você tem um corpo, você é um atleta”).

Impacto da cultura organizacional no desempenho

Empresas com uma cultura organizacional forte costumam apresentar um desempenho significativamente melhor. Organizações que valorizam e promovem uma cultura sólida frequentemente experimentam crescimento acelerado e maior valorização de suas ações, em contraste com aquelas que têm uma cultura fraca. O impacto positivo de uma cultura organizacional bem definida pode ser observado no aumento da receita e na valorização das ações da empresa.

Marketing e cultura: A conexão

Uma cultura organizacional sólida não apenas melhora o desempenho interno, mas também fortalece a marca da empresa. Empresas com culturas fortes tendem a atrair talentos e clientes que compartilham os mesmos valores. Além disso, colaboradores engajados são mais propensos a se tornarem embaixadores da marca, promovendo a empresa de maneira orgânica.

A cultura organizacional é fundamental para o sucesso de qualquer empresa, seja digital ou não digital. Investir em uma cultura forte e adaptável pode levar a um desempenho superior, maior inovação e uma marca mais sólida. Empresas que reconhecem e cultivam sua cultura interna estão melhor posicionadas para prosperar em um mercado competitivo e em constante evolução.

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Daniel Knopfholz

Formado em Comunicação Social, pós-graduado em Administração de Empresas pela UFPR, e fez MBA no Instituto de Empresas, em Madri. Trabalhou como consultor na Oliver Wyman e ocupou os cargos de Diretor Internacional e Diretor de Varejo na Europa, pelo Grupo Boticário. Foi Diretor Executivo de Eudora, segunda maior marca do Grupo Boticário, e liderou o crescimento e fortalecimento da marca no mercado nacional. Como VP de Tecnologia, liderou a transformação digital do Grupo Boticário, levando a empresa à liderança no mercado de retail tech. Desde 2022, além de Tecnologia, Daniel acumula também a área de Gente do GB.

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