Cidades MIL: futuro urbano no Brasil?

julho, 2024‎ ‎ ‎ |

‎Por Felipe Chibás

As cidades estão evoluindo rapidamente em resposta às demandas tecnológicas e sociais do século XXI. Duas dessas evoluções são as Cidades Inteligentes e as Cidades MIL (Media and Information Literacy). Embora ambas compartilhem a visão de criar ambientes urbanos mais eficientes e sustentáveis, elas abordam essa transformação de maneiras distintas.

As Cidades Inteligentes são centradas na utilização de tecnologias avançadas para melhorar a infraestrutura urbana, a mobilidade, a gestão de recursos e a qualidade de vida dos cidadãos. Exemplos incluem sistemas de transporte inteligentes, redes de energia sustentável e sensores IoT para monitoramento ambiental. Em contraste, as Cidades MIL focam no desenvolvimento da alfabetização midiática e informacional entre os cidadãos, promovendo o acesso à informação, o pensamento crítico e a capacidade de utilizar a mídia de forma ética e responsável. Isso significa que, enquanto as Cidades Inteligentes investem pesadamente em infraestrutura física e digital para criar um ambiente mais eficiente e conectado, as Cidades MIL enfatizam programas educacionais e iniciativas comunitárias para capacitar os cidadãos a compreender, analisar e utilizar a informação de maneira eficaz.

Apesar dessas diferenças, ambas as abordagens visam criar cidades mais sustentáveis e resilientes. As Cidades Inteligentes fazem isso por meio de inovações tecnológicas, enquanto as Cidades MIL focam no empoderamento dos cidadãos utilizando as novas tecnologias mas destacando a educação. Além disso, tanto as Cidades Inteligentes quanto as Cidades MIL buscam envolver a comunidade na tomada de decisões e no planejamento urbano. A participação ativa dos cidadãos é fundamental para o sucesso de ambas. Por isso consideramos as Cidades MIL como uma evolução das
Cidades Inteligentes.

Compreender as diferenças e semelhanças entre Cidades Inteligentes e Cidades MIL é crucial para os líderes urbanos e planejadores que desejam implementar soluções eficazes e inclusivas. Investir em uma combinação de infraestrutura tecnológica e educação em mídia pode criar cidades não apenas inteligentes, mas também informadas e engajadas.

Quando falamos sobre cidades brasileiras com potencial para se tornar MIL Cities da UNESCO, algumas se destacam. São Paulo, com sua vasta rede de universidades, centros culturais e projetos comunitários, já possui uma base sólida para se tornar uma Cidade MIL. A cidade tem investido em iniciativas de inclusão digital e programas educativos que promovem a alfabetização midiática entre jovens e adultos. O Rio de Janeiro, com sua vibrante cena cultural e histórica, também apresenta grande potencial. Projetos como o “Bibliotecas do Amanhã” estão criando espaços para o desenvolvimento de habilidades em mídia e informação, promovendo a educação e a cultura digital. Curitiba, reconhecida por suas inovações urbanas e sustentabilidade, pode se beneficiar de integrar a educação em mídia e informação em suas políticas públicas. A cidade já possui um sistema de transporte eficiente e uma comunidade engajada, facilitando a adoção de iniciativas MIL.

Investir na transformação das cidades brasileiras em MIL Cities da UNESCO não apenas impulsiona a educação e a cultura, mas também posiciona essas cidades como líderes globais em inovação e cidadania ativa. Isso atrai investimentos, turismo e uma comunidade mais engajada e informada. Transformar nossas cidades em MIL Cities é investir no futuro de cidadãos críticos e engajados.

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Felipe Chibás

Prof. Dr. Felipe Chibás Ortiz, Colíder Internacional do Grupo de Inovação de UNESCO MIL ALLIANCE, Coordenador Executivo do Centro Internacional de Inovação e Desenvolvimento de Cidades MIL da Universidade de São Paulo(CIIDCMIL-USP), Primer lugar do Prêmio Mundial de UNESCO, MIL Awards, 2023. Coordenador do grupo de Pesquisa Criatividade, Inovação, Comunicação, Marketing e Cidades(CRIARCOMC-USP). Autor de 33 livros publicados em várias línguas.

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